quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

* Você Sabia... *

O que é... MBA?
É um curso que não vai deixar você sair de uma entrevista com um sorriso amarelo

Por Max Gehringer

Ao concluir um curso universitário nos Estados Unidos, a pessoa recebe um degree. Se o curso for numa área ligada à administração de negócios, esse degree é chamado de Business Administration, ou, abreviando, BA. No Brasil é a mesma coisa: o formando recebe um grau, e a cerimônia de conclusão do curso é chamada de "colação de grau", sendo que essa "colação" nada tem a ver com o fato de alguém ter colado para passar de ano. Ela vem do latim collatione, "comparação". Significa que o colado adquire o direito legal de ser equiparado a qualquer profissional da área. Mas aí o americano pode decidir que não quer apenas se comparar aos demais, mas se sobressair, e para conseguir isso ele terá de fazer um novo curso. Curso que, no Brasil, até pouco tempo, nós chamávamos de pós-graduação. Lá, esse curso suplementar permite colocar uma outra letrinha antes do BA: o M, de Master. Portanto, o BA dá direito a um degree, e o MBA a um pedigree.

Como todo mundo já percebeu, a sigla MBA colou no mercado de trabalho brasileiro, e o resultado prático disso é que nossos cursos de pós-graduação mudaram de nome. Mas muita gente recém-formada se pergunta se, depois de quatro longos anos de "facu", é mesmo necessário encarar mais dois de MBA. A resposta é "sim", e com ênfase absoluta. Mas, para entender exatamente por que, é preciso fazer uma profunda pesquisa de campo. A pessoa interessada deve se dirigir a um supermercado, procurar a seção de perfumaria, e parar diante da prateleira onde estão os creme dentais, vulgo pasta de dente.

E, quando isso acontece, a área de marketing tem de entrar em ação para criar um "fator diferencial da marca". Foi o que fez a turma da empresa líder do setor, a Colgate: lançou o Colgate com gardol. Um sucesso instantâneo. Isso forçou a vice-líder Kolynos a reagir, o que ela conseguiu ao colocar no mercado o Kolynos com clorofila. E a competição esquentou de vez quando, logo em seguida, apareceu uma terceira marca, Signal, que tinha hexaclorofeno! Embora nenhum consumidor soubesse exatamente qual era o real impacto daqueles três ingredientes no seu teclado bucal, a verdade é que em pouco tempo ninguém mais queria consumir uma pasta de dente que não oferecesse um "algo mais". E isso obrigou as demais marcas a inventar um "componente x" qualquer, o que é a regra do mercado até hoje. Dê só uma olhada aí na prateleira. O creme dental Phillips, por exemplo, tem LMP, e um asterisco na embalagem explica que isso é hidróxido de magnésio. Você sabe o que o hidróxido de magnésio faz? Nããão? Pois é exatamente o mesmo que um MBA faz por sua carreira: chama a atenção, diferencia, impressiona.

De certa forma, um profissional é como um tubo de dentifrício, que se expõe para chamar a atenção do consumidor final de seu talento - a empresa - com o currículo funcionando como um outdoor. E, assim como o mercado de consumo adotou os hexaclôs e lemepês, o mercado de trabalho se encantou com os mebeás. E com o mercado não se discute, adapta-se. Na hora da entrevista para um novo emprego, gardóis e mebeás têm a mesma finalidade: evitar que o pretendente seja rejeitado e aí tenha que dar aquele sorriso amarelo...

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